Doenças neurológicas

Cachorro com convulsão pode morrer?

 
Carla Moreira
Por Carla Moreira, Médica veterinária. 20 outubro 2024
Cachorro com convulsão pode morrer?
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A convulsão é um distúrbio que se caracteriza por uma contração muscular involuntária e intensa, que pode afetar todo o corpo ou parte dele. Geralmente, é um episódio que assusta muito o tutor. Apesar de durar de 30 segundos a 1 minuto, ver seu pet se debatendo pode parecer uma eternidade! Apesar de assustadora, a convulsão é mais comum do que parece, e a boa notícia é que tem tratamento!

A convulsão não é uma doença em si, mas um sintoma de alguma anormalidade cerebral. Por isso, sua causa deverá ser investigada o mais rápido possível, para que não gere sequelas no animal. Quer saber mais sobre o assunto e o que fazer para ajudar seu amigo caso ele passe por isso? Então não perca este artigo do PeritoAnimal onde explicamos se cachorro com convulsão pode morrer. Boa leitura!

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Índice
  1. Cachorro com convulsão pode morrer?
  2. Principais causas da convulsão em cachorro
  3. Como ajudar um cachorro com crise convulsiva?

Cachorro com convulsão pode morrer?

Infelizmente, sim! Dependendo da causa da convulsão e do tempo até que o animal seja socorrido, ele pode morrer sim. Por isso a importância da assistência veterinária imediata nesses casos.

Principais causas da convulsão em cachorro

Epilepsia

É o distúrbio cerebral caracterizado por imprevisíveis e recorrentes interrupções anormais da função cerebral que predispõem às crises epilépticas recidivantes. Pode ser classificada de acordo com a etiologia em:

  • Epilepsia idiopática: também chamada de primária, não há uma causa identificável. Iniciam-se, na maioria das vezes, em animais entre um e cinco anos, e qualquer raça pode ser afetada, porém análises de herdabilidade indicam uma base hereditária para a epilepsia idiopática, observada principalmente nas raças pastor alemão, labrador e golden retriever.
  • Epilepsia sintomática: também chamada de estrutural, é secundária a uma alteração na estrutura cerebral que pode ser identificada, causada por doença intracraniana progressiva ou não, como hidrocefalia, tumores e sequelas de traumas cranianos;
  • Epilepsia criptogênica: sua causa provavelmente é sintomática, mas não é possível identificar uma etiologia.

Infecções

  • Cinomose: é uma enfermidade infecciosa que afeta naturalmente os cães, causada por um Paramyxovirus, do gênero Morbilivirus, podendo se apresentar de forma aguda, subaguda ou crônica. A doença ocorre mundialmente, sem sazonalidade e sem predileção por sexo ou raça, atingindo mais animais jovens não vacinados. Alguns dias após a infecção, o vírus atinge o sistema nervoso central, causando encefalite, que resultará em crises convulsivas. Também apresenta sintomas respiratórios (secreção nasal e pneumonia), oculares (secreção ocular) e gastroentéricos (vômito e diarreia).
  • Raiva: considerada uma doença infecciosa aguda e fatal, de caráter zoonótico, a raiva acomete homens e animais de diversas espécies. O vírus se instala principalmente no sistema nervoso central e se reproduz nas glândulas salivares, por onde ocorre sua eliminação. A forma de contágio é pela saliva, mordidas, arranhaduras ou lambeduras de animais acometidos. Os sintomas evoluem rapidamente após a infecção, sendo característicos a febre, ansiedade, irritação, delírios, paralisia das extremidades, mudanças de comportamento, salivação e convulsões. O tratamento da raiva é ineficaz e recomenda-se como profilaxia a vacinação anual, principalmente em áreas endêmicas.

Tumores cerebrais

São crescimentos anormais de tecidos, que podem comprimir partes do cérebro e resultar em convulsões. Existem vários tipos de neoplasias cerebrais e, a depender da localização, podem comprimir diferentes áreas do cérebro, sendo a convulsão um dos principais sintomas. Nem sempre o diagnóstico é possível, pois necessita de exames como a ressonância magnética, que é considerada onerosa para o tutor.

Intoxicações

Várias são as substâncias causadoras de intoxicações em cães, que consequentemente resultam em crises convulsivas. Alimentos como chocolates e xilitol (adoçante artificial), metais pesados (chumbo e zinco), toxina de sapo, picadas de abelhas, medicamentos, pesticidas e diversas plantas.

Traumas cranianos

Traumas na cabeça do cachorro, como pancadas resultantes de maus tratos, acidentes de carros, brigas e quedas podem alterar a estrutura normal do cérebro, atingindo regiões sensíveis, o que resultará em disparos anormais de impulsos nervosos, resultando em convulsões. A localização da parte afetada nem sempre pode ser identificada por meio de exames como a ressonância magnética.

Cachorro com convulsão pode morrer? - Principais causas da convulsão em cachorro

Como ajudar um cachorro com crise convulsiva?

Ao se deparar com um cachorro em crise convulsiva, nunca coloque a mão em sua boca. E não se preocupe porque ele não vai engolir a língua. O risco de receber uma mordida é muito alto, visto que o animal está inconsciente e com movimentos involuntários, podendo fechar a boca e ferir gravemente a mão que esteja lá dentro.

Uma grande ajuda para o cachorro com crise convulsiva é proteger sua cabeça de traumas no chão e em paredes, pois ele estará se debatendo muito, podendo se ferir caso bata a cabeça em algo duro ou pontiagudo. Colocá-lo sobre um colchão ou qualquer superfície macia pode evitar que ele se machuque e tenha outros danos posteriormente. O mais importante é controlar as crises convulsivas, o que deverá ser feito com medicação prescrita pelo médico veterinário. Por isso, procure ajuda o mais rápido possível para que seu amigo não tenha sequelas permanentes.

Este artigo é meramente informativo, no PeritoAnimal.com.br não temos capacidade para receitar tratamentos veterinários nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Sugerimos-lhe que leve o seu animal de estimação ao veterinário no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

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Bibliografia
  • Martins, G.D.C. Epilepsia em cães. Monografia. Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária, 2011. Disponível em https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9C5HRE/1/monografia_guilherme.pdf. Acesso em 30/09/2024.
  • Mangia, S.H., Paes, A.C. Neuropatologia da cinomose. Veterinária e Zootecnia, 2008. Disponível em file:///C:/Users/carlamoreira/Downloads/392-Outros-638-872-10-20190911.pdf. Acesso em 30/09/2024.
  • Morandi, N.M.G., Gomes, D.E. Raiva animal – uma revisão. UNILAGO. Disponível em file:///C:/Users/carlamoreira/Downloads/367-Texto%20do%20Artigo-1839-1-10-20220120.pdf. Acesso em 30/09/2024.
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