Cachorro sente quando a dona vai ganhar bebê?

Apesar de não haver nenhuma comprovação científica, há inúmeros relatos e evidências empíricas de que os cães conseguem ouvir o bebê na barriga. Nesse sentido, é importante destacar que raramente são financiados estudos científicos sobre esse tema específico.

No entanto, a ciência já comprovou que a audição dos cães é muito mais desenvolvida do que a dos seres humanos. Hoje sabemos que o ouvido canino é capaz de detectar frequências sonoras de até 70.000 Hz, enquanto os humanos só conseguem perceber aquelas que estão entre 15.000 Hz e 20.000 Hz. Nossos fiéis companheiros também nos superam em termos de alcance auditivo, pois conseguem ouvir sons produzidos a uma distância de até 20 ou 25 metros.

Além disso, observou-se que os cães são capazes de captar até 35.000 vibrações por segundo, inclusive quando essas ocorrem sob o solo. Por isso, existe uma ampla gama de sons que apenas os cães conseguem ouvir e que passam completamente despercebidos pelos humanos.

Levando tudo isso em consideração, é perfeitamente plausível supor que os cães conseguem ouvir o bebê na barriga. À medida que a gestação avança, torna-se possível perceber a frequência cardíaca e respiratória do feto, bem como seus movimentos dentro do útero materno.

Afinal, se até nós, com nossa audição relativamente "limitada", conseguimos perceber os chutes do bebê na barriga, imagine quão nítidos esses estímulos devem ser para o incrível ouvido dos cães.

De fato, em um levantamento interessante realizado pela Rover¹, o famoso marketplace especializado em animais de companhia, mais de 60% dos entrevistados afirmaram que seus cães se tornaram mais apegados e protetores com suas tutoras grávidas. Além disso, cerca de 26% relataram que seus cães costumavam encostar o ouvido na barriga da tutora ou dormir com a cabeça apoiada sobre seu ventre.

Mais do que uma demonstração de afeto, é muito provável que esse comportamento dos cães seja impulsionado pela curiosidade e pelo desejo de captar mais de perto os sons que vêm da barriga da pessoa grávida.

Também não há evidências científicas de que os cães preveem o parto de suas tutoras. No entanto, muitas mulheres afirmam que seus companheiros de quatro patas perceberam que estavam prestes a dar à luz antes mesmo de elas próprias notarem os primeiros sinais do trabalho de parto. Nessas circunstâncias, é provável que o olfato apurado dos cães desempenhe um papel central na detecção precoce do parto.

Para entender esse fenômeno, é importante lembrar que a gestação envolve um complexo processo endócrino, físico e fisiológico que culmina no parto. À medida que o nascimento se aproxima, as gestantes passam por mudanças hormonais significativas, pois o corpo deixa de sustentar a gravidez e começa a se preparar para trazer o bebê ao mundo e, posteriormente, amá-lo, protegê-lo e alimentá-lo.

Algumas das principais variações hormonais que ocorrem nesse período incluem:

• Queda acentuada dos níveis de estrogênio e progesterona.
• Aumento da oxitocina, conhecida como "hormona do amor".
• Elevação da liberação de endorfinas, que atuam como analgésicos naturais.
• Aumento da adrenalina, hormônio essencial em situações de medo e estresse.

Esses hormônios estão presentes no sangue e, frequentemente, também na urina das gestantes. Isso provavelmente altera o odor corporal, algo que não passa despercebido pelo faro altamente sensível dos cães. Além disso, essas mudanças hormonais podem impactar o comportamento e até mesmo o estado emocional da gestante.

Como a comunicação dos cães se baseia principalmente na linguagem corporal, torna-se fácil para eles perceberem alterações na postura, nos gestos ou nas ações de suas tutoras, ainda que não compreendam que tais mudanças estejam relacionadas à preparação para o parto.

Quando um cão percebe que sua tutora está prestes a dar à luz?

O mais lógico é supor que o momento exato depende do organismo e da evolução da gestação de cada mulher. No entanto, a partir do momento em que o corpo começa a se preparar fisiologicamente para o trabalho de parto – o que geralmente ocorre entre a 36ª e a 42ª semana de gravidez – é possível que os cães detectem que algo "diferente" está acontecendo com suas tutoras. Ainda assim, não há como afirmar que eles entendem que essas mudanças estão diretamente ligadas à proximidade do parto.

Além disso, conforme os sinais físicos se intensificam e, principalmente, quando começam as contrações, seu cão provavelmente perceberá os sinais de dor em suas expressões faciais, assim como alterações na postura, dificuldades para caminhar, mudanças na respiração, batimentos cardíacos acelerados e comportamento mais agitado.

A chegada de um bebê pode afetar o comportamento do cão, especialmente se sua rotina e seu ambiente mudarem repentinamente, sem tempo para uma adaptação adequada.

Quando sua tutora está prestes a dar à luz, o cão tende a reforçar seu instinto de proteção, demonstrando alerta e disposição para ajudá-la. No entanto, seu comportamento pode variar de acordo com sua personalidade, o ambiente e as reações das pessoas ao redor. Se a gestante estiver estressada, o cão pode perceber isso e reagir de duas formas: oferecendo apoio emocional ou refletindo a ansiedade dela².

Nesses contextos, alguns cães assumem imediatamente o papel de suporte emocional para suas tutoras, enquanto outros acabam "absorvendo" suas emoções. Isso significa que, se a tutora grávida estiver muito nervosa ou estressada no momento do parto, é possível que o cão também desenvolva sinais de estresse, como:

• Comportamento inquieto ou hiperativo.
• Aumento da reatividade, ou seja, o cão pode reagir de forma exagerada a qualquer estímulo do ambiente.
• Salivação excessiva e/ou respiração ofegante.
• Tentativas de fuga.
• Movimentos repetitivos ou comportamentos instintivos excessivos, como lamber ou se lamber constantemente, cavar, girar em círculos, morder objetos ou até a si mesmo.
• Vocalizações exageradas, como latidos altos e incessantes.

Portanto, não é possível determinar exatamente como um cão se comportará quando sua tutora entrar em trabalho de parto ou quando o bebê chegar em casa. Isso dependerá, em grande parte, da capacidade e paciência dos tutores, que terão a responsabilidade de ajudar seu cão a se adaptar gradualmente a essa nova realidade e apresentá-lo corretamente ao novo integrante da família.

Se precisar de ajuda com essa questão, confira este guia: "Meu cachorro tem ciúmes do bebê, o que fazer?".

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