Problemas de comportamento

Cachorro traumatizado depois de briga - O que fazer?

 
Marta Sarasúa
Por Marta Sarasúa, Etóloga e auxiliar veterinária. 18 setembro 2024
Cachorro traumatizado depois de briga - O que fazer?
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Apesar de os cães serem seres muito sociáveis por natureza, em certas ocasiões pode ocorrer um conflito entre dois ou mais animais, e um cão acabar atacando outro. Na maioria das vezes, esses ataques resultam apenas em um susto, e os cães conseguem se entender e resolver o conflito por conta própria. No entanto, também pode acontecer de um dos animais sair ferido ou desenvolver um trauma como consequência do evento.

Se o seu peludo foi atacado por outro cão e você percebeu que seu comportamento não é mais o mesmo, é possível que tenha ocorrido o último caso e que seu amigo de quatro patas não tenha conseguido superar o susto que passou.

Neste artigo do PeritoAnimal, contamos tudo o que você precisa saber se acha que seu cão está traumatizado como consequência de um ataque e ajudamos a encontrar uma solução para o problema. Vamos ver o que fazer se meu cão está traumatizado pelo ataque de outro cão.

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Índice
  1. Meu cão pode ficar traumatizado após um ataque de outro cão?
  2. Como reconhecer que meu cão tem um trauma?
  3. O que fazer se meu cão está traumatizado pelo ataque de outro cão?

Meu cão pode ficar traumatizado após um ataque de outro cão?

A resposta para essa pergunta é clara: sim, um cão pode desenvolver um trauma se tiver passado por uma experiência negativa que o afetou emocionalmente.

Embora costumemos associar o conceito de "experiência traumática" aos seres humanos, é importante saber que os cães também são animais muito sensíveis e podem desenvolver uma resposta emocional muito intensa diante de diferentes vivências, tanto positivas quanto negativas.

Essas respostas emocionais são essenciais para que o cão aprenda a se relacionar com seu ambiente e constituem a base de seu comportamento social. Por esse motivo, é importante que os cães, especialmente os filhotes, tenham experiências o mais positivas possível com outros animais, pessoas e objetos.

Um ataque de outro cão pode ser, sem dúvida, um evento muito estressante e aterrorizante para o peludo e, a partir desse momento, o animal pode começar a associar a presença de outros cães ao incidente, demonstrando medo e rejeitando qualquer interação amigável.

Como reconhecer que meu cão tem um trauma?

Um trauma, por definição, é um choque emocional, negativo, intenso e duradouro que pode afetar o bem-estar e o comportamento do animal que o sofre. É verdade que experiências negativas podem fazer com que o cão desenvolva um trauma, mas também podem, simplesmente, provocar um susto pontual que passa em um breve período de tempo.

No último caso, o cão se recuperará sem consequências, mas se você detectar alguns desses sinais, é possível que se trate de um trauma e que seu peludo precise de ajuda profissional:

  • Medo excessivo de outros cães: se o seu cão costumava ser sociável e se aproximava para cheirar e brincar com outros cães, é possível que você note uma mudança bastante evidente em seu comportamento após o ataque. Se o peludo tiver um trauma, o mais comum é que ele comece a demonstrar medo diante de outros animais, especialmente daqueles que, fisicamente, se assemelham ao cão que o atacou. Lembre-se de que o medo pode se manifestar de diferentes formas e, enquanto alguns cães tentam fugir, se escondem atrás de seu tutor, colocam o rabo entre as patas traseiras ou se encolhem, outros cães podem se tornar reativos, latir, rosnar ou até querer morder outros animais — e isso também é medo!
  • Evita certos lugares ou situações: é possível que seu cão evite passar pela área onde foi atacado ou evite certas situações que lhe lembram o evento traumático; por exemplo, pode ser que ele não queira entrar em um parque para cães ou passear pelas áreas habituais.
  • Ansiedade generalizada: o trauma pode causar sinais de ansiedade generalizada, ou seja, uma ansiedade que não está especificamente associada a um lugar ou situação, mas que se manifesta no dia a dia do cão, independentemente do que ele esteja fazendo. Isso geralmente ocorre durante as horas ou dias seguintes ao evento traumático, e os sinais mais evidentes são: respiração ofegante excessiva, andar nervosamente de um lado para o outro, se esconder em cantos da casa e não querer sair, tremer, gemer ou latir insistentemente.
  • Hipervigilância: quando um animal sofre um ataque inesperado, é comum que, a partir daí, ele comece a se mostrar mais atento a tudo o que acontece ao seu redor. Esse comportamento nervoso, no qual o cão parece vigiar constantemente o ambiente, é chamado de "hipervigilância" e nada mais é do que uma estratégia que o animal adota para prevenir possíveis novos ataques. O problema da hipervigilância é que ela ocupa praticamente todo o tempo do animal, impedindo-o de se concentrar em outras atividades e até mesmo de descansar tranquilo, o que pode colocar sua saúde em risco.
  • Aumento do contato físico com os tutores: os tutores são referências para os cães, e a maioria deles nos procura quando precisa se sentir protegida e segura. Por isso, após um ataque, o peludo pode exigir mais atenção do que o habitual e se mostrar mais apegado à sua família humana, correndo o risco de desenvolver certa ansiedade ao se separar deles.
  • Comportamento apático: nos casos mais graves, um cão traumatizado pode desenvolver apatia e, como consequência, passar muitas horas deitado e mostrar falta de interesse nas atividades que antes apreciava, como comer, brincar ou sair para passear.
Cachorro traumatizado depois de briga - O que fazer? - Como reconhecer que meu cão tem um trauma?

O que fazer se meu cão está traumatizado pelo ataque de outro cão?

Embora os medos e traumas possam melhorar e até desaparecer, é importante saber que são difíceis de eliminar e que seu tratamento requer tempo e muita paciência. Se o seu cão sofreu um ataque e, após isso, apresenta alguns dos sinais mencionados anteriormente, o melhor que você pode fazer, após visitar o veterinário para tratar possíveis lesões, é entrar em contato com um etólogo canino para ajudar a lidar com o trauma do seu peludo.

O etólogo é o profissional especializado em comportamento canino que avaliará seu cão e elaborará um plano de tratamento comportamental, o qual consiste em uma série de orientações e exercícios que você deverá realizar junto com seu peludo, com o objetivo de, pouco a pouco, eliminar o medo dele.

O objetivo é que o cão vá substituindo as associações negativas por experiências mais positivas e, dessa forma, deixe de experimentar ansiedade diante de certos estímulos, como a presença de outros cães. Quando ele for capaz de modificar a emoção que sente, seu comportamento também mudará, e sua qualidade de vida melhorará consideravelmente.

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