Como fazer o cachorro parar de pular e morder

Muitas pessoas permitem que seus filhotes façam praticamente tudo para vê-los felizes. Logicamente, o erro não está em apreciar a beleza e a felicidade do cachorrinho, mas em permitir que ele faça uma série de coisas que, mais tarde, não queremos que um cão adulto faça.

Quando você permite que um filhote realize certas ações ou comportamentos sem restrições, e principalmente se o recompensa por realizá-los oferecendo-lhe um brinquedo, um petisco ou incentivando-o a continuar brincando de uma maneira "inadequada", você está favorecendo que essas ações e comportamentos sejam assimilados pelo seu filhote como parte de sua rotina. Em outras palavras, você está ensinando que esta é a maneira correta e aceitável de se comportar e interagir com você e com outras pessoas. E a pior parte é que, uma vez que um comportamento é assimilado como um hábito pelo filhote, torna-se muito mais difícil modificá-lo na fase adulta.

Se você acostumou seu cão, quando ainda era filhote, a pular e morder durante a brincadeira, ao chegar em casa ou para chamar sua atenção, é provável que esse comportamento persista na fase adulta, sendo o resultado de um treino inadvertido. Ou seja, mesmo sem a intenção de educar seu cão dessa forma, você acabou fazendo exatamente isso porque, em vez de ensinar desde o início qual era a maneira adequada de brincar e interagir, incentivou que ele assimilasse esses pulos e mordidas como uma brincadeira ou uma interação positiva. Portanto, e como veremos melhor mais adiante, o melhor conselho para evitar que seu cão pule e morda é fazê-lo entender, desde a chegada em casa e preferencialmente a partir dos primeiros meses de vida, que essa não é uma maneira adequada de interagir com você nem com outras pessoas.

Aqui você encontrará informações sobre "Socializar um filhote de cachorro corretamente".

Assim como os humanos, os cães também precisam de aprendizado social para entender como viver em comunidade. Nem as crianças, nem os filhotes, nascem com conhecimento sobre os códigos de comunicação e conduta social, o que os impulsiona a aprender a interagir de maneira amigável para desfrutar de uma vida feliz em sociedade.

Socializar um cão significa permitir que ele desenvolva sua confiança e assimile recursos que lhe permitirão interagir de uma maneira mais equilibrada com uma variedade de indivíduos, estímulos e ambientes. Por isso, os cães que foram corretamente socializados tendem a ter um comportamento mais estável e confiável diante de qualquer tipo de situação que surja ao longo de suas vidas. Um cão que não teve a oportunidade de passar por uma boa socialização torna-se mais propenso a todo tipo de problemas de comportamento, porque não possui as ferramentas adequadas para lidar com suas próprias emoções e controlar seu comportamento.

Isso pode se manifestar de muitas formas, mas uma das mais comuns é quando o cão não sabe exatamente como agir na presença de outros indivíduos, podendo exibir comportamentos que não favorecem uma interação positiva e amigável (por exemplo, morder para pedir algo ou chamar atenção). Em alguns casos, o cão pode até manifestar sinais de agressividade em situações que realmente não representam uma ameaça para sua integridade, mas que lhe geram insegurança, medo ou desconforto.

Então, se o seu cão não foi socializado, é possível que ele tenha dificuldades para interagir até mesmo com você, e esse comportamento de pular e morder revela a ausência de um aprendizado social adequado. No vídeo a seguir que recomendamos, você poderá consultar as chaves para uma boa socialização entre cães:

Um cachorro superexcitado é aquele que sente uma agitação extrema diante de certos estímulos ou até objetos que ele associou a atividades ou momentos que provocam muita excitação. Por exemplo, um cachorro pode ficar superexcitado sempre que vê seu tutor com a coleira ou um brinquedo nas mãos, mesmo que isso nem sempre signifique que ele vai passear ou brincar. Nesse contexto de superexcitação, o cão tende a se tornar hiperativo e reage de maneira exagerada a esses estímulos, sejam eles visuais, sonoros ou olfativos. Em seguida, pode começar a correr, girar em torno de si, latir incessantemente e até pular e morder.

Na verdade, alguns cães ficam tão excitados durante os passeios que acabam pulando sobre qualquer pessoa que encontrem pelo caminho, ou avançam em direção a outros cães com muita energia, o que pode assustar o outro cão e fazer com que ele reaja de maneira defensiva ou diretamente agressiva.

Embora possa soar "chato" querer controlar a livre expressão da alegria de nossos cães, isso é fundamental para garantir a segurança deles e de todos ao seu redor, inclusive a sua. Um cão de grande porte ou com uma musculatura muito desenvolvida pode causar sérios danos ao pular sobre uma pessoa. Um cachorro de pequeno porte, superexcitado, pode acabar machucando uma criança ou um idoso sem querer. Por isso, é muito importante estabelecer limites para a superexcitação do cão e reforçar um comportamento equilibrado, mesmo nos momentos de diversão.

Os cães também podem desenvolver sintomas de estresse com muita frequência, principalmente quando vivem em um ambiente onde não se sentem seguros ou não encontram os meios necessários para manter o corpo e a mente bem estimulados. No entanto, existem doenças e distúrbios metabólicos que podem levar a um aumento do estresse. Por isso, é sempre fundamental consultar um veterinário antes de aplicar qualquer outra estratégia para acalmar um cão estressado.

O estresse tem um impacto nocivo na saúde e no comportamento do cão, tanto porque é um fator de risco para várias doenças, ao enfraquecer significativamente o sistema imunológico, quanto porque funciona como um gatilho para múltiplos problemas comportamentais, como estes:

• Destruição de objetos. Um cão estressado acumula muita tensão e, mais cedo ou mais tarde, recorrerá ao que está ao seu alcance para aliviá-la. Por isso, uma das manifestações mais evidentes de estresse em cães são os comportamentos destrutivos. Basicamente, o cão encontra na ação de destruir uma "válvula de escape" para gastar energia e aliviar o desconforto que a convivência diária com tanta tensão lhe provoca;
• Hiperatividade. Também é muito comum que cães estressados se mostrem hiperativos, comecem a correr pela casa, pulem em cima das pessoas e até as mordam devido à superexcitação. Todos esses são sinais de que esse cachorro precisa gastar mais energia e de que sua atividade física e estimulação mental precisam ser otimizadas.

Antes de passar para a próxima causa, não queremos deixar de ressaltar que o estresse também é um fator de risco para a agressividade nos cães, que é um problema comportamental complexo e pode estar associado a diferentes causas, incluindo problemas de saúde. Portanto, se o seu cachorro se tornou agressivo de repente, se começou a morder com força e adota uma postura defensiva com frequência, nosso conselho é que procure imediatamente a orientação de um veterinário etólogo.

Outra razão que pode explicar por que seu cão pula e morde é a necessidade de chamar sua atenção porque precisa suprir alguma necessidade de seu organismo, como se alimentar, urinar ou defecar, ou simplesmente porque deseja pedir algo, como que você brinque com ele ou faça carinho.

É interessante perceber que essa causa acaba se relacionando com as demais, porque um cachorro que foi bem socializado e educado, e que também não está estressado, irá procurar recursos mais suaves para chamar sua atenção. Por exemplo, se aproximar e tocá-lo com a pata, trazer um brinquedo para convidá-lo a brincar ou até latir quando se tratar de uma necessidade mais urgente. Por outro lado, é provável que um cão pule diretamente sobre seu tutor e o morda quando está superexcitado ou com muita tensão acumulada, ou quando esse comportamento já foi assimilado como "aceitável" em suas interações.

Outro fator que pode favorecer a manifestação desse comportamento é quando o cão fica sozinho em casa por muitas horas, principalmente se o ambiente não estiver bem enriquecido. Tenha em mente que todo cão deve ter a oportunidade de aprender progressivamente a lidar com a solidão antes de enfrentar essa situação de forma repentina. Além disso, o enriquecimento ambiental será seu melhor aliado para manter seu cão entretido enquanto você não está, evitando comportamentos destrutivos, latidos excessivos e a ansiedade de separação.

Se você chegou até aqui, provavelmente conseguiu identificar por que seu cachorro e morde, e chegou o momento de aprender como agir para que ele pare de fazer isso. Você também deve ter percebido que fomos compartilhando alguns conselhos úteis enquanto falávamos sobre as principais causas desse comportamento.

No entanto, a seguir, queremos revisá-los e adicionar outras boas práticas para evitar que seu cão pule e morda. Vamos lá?

Evite a separação prematura

Este é um ponto fundamental que não mencionamos anteriormente. A questão é que, durante os primeiros meses de vida, os filhotes aprendem com a mãe os códigos básicos e fundamentais da comunicação e do comportamento social dos cães.

Se interrompemos esse aprendizado, separando prematuramente a mãe de seus filhotes, aumentamos as chances de que esses pequenos tenham dificuldades de interação e problemas comportamentais, além de desenvolverem comportamentos agressivos associados à brincadeira (por exemplo, morder enquanto brincam).

Lembre-se de que o fim do período de desmame não significa que os filhotes já estarão preparados para se separar da mãe. Na verdade, o ideal é que permaneçam com ela e seus irmãos até o segundo ou terceiro mês de vida.

Promova uma boa socialização

Os filhotes, além de aprenderem com a mãe as habilidades básicas para serem cães, precisam de aprendizado social para conviver harmoniosamente com diferentes estímulos, ambientes e indivíduos. O período sensível de socialização, que vai desde a segunda semana até o terceiro mês de vida do filhote, é crucial para isso.

Embora não seja recomendável passear com os filhotes na rua antes de completar o primeiro ciclo de vacinas, é possível começar a socialização apresentando-os a outros cães e animais saudáveis, vacinados e vermifugados, assim como a outras pessoas fora do núcleo familiar. Uma vez que o esquema de vacinação seja concluído, o processo pode continuar, permitindo que o filhote interaja com uma maior variedade de indivíduos durante os passeios.

Eduque-o desde o início

A educação do cão também é um processo contínuo e o melhor é que comece desde a sua chegada ao lar. Novamente, o ideal é começar a educar um cão desde cedo, mas o mesmo vale se você decidir adotar um cão adulto.

Desde os primeiros dias em casa, o cão deve entender quais são os comportamentos aceitáveis e quais não são, para evitar que ele adquira "maus hábitos". Também é altamente recomendável que você comece a ensinar ao filhote ou ao cão adulto alguns comandos básicos, como atender ao chamado, sentar, esperar, etc. E antes de começar a passear com ele na rua, é uma ótima ideia acostumá-lo ao uso da coleira e da guia, assim como ensiná-lo a caminhar tranquilamente ao seu lado.

Aqui explicamos "Como adestrar um cachorro".

Reforce um comportamento equilibrado

O cão deve entender que existem limites também para manifestar suas emoções. A melhor maneira de conseguir isso não é o repreendendo, e muito menos castigando um cão por estar enérgico. Em um contexto em que o cão já está eufórico, pulando e mordendo, tentar repreendê-lo é, na verdade, perigoso para ambos.

Em vez disso, concentre-se em reforçar comportamentos positivos, por exemplo, oferecendo uma recompensa ao seu cão sempre que ele se comportar de forma equilibrada ao vê-lo com a coleira na mão ou ao sair para passear.

Corrija adequadamente os comportamentos inadequados

Se você precisa mostrar ao seu cão que ele fez algo inadequado, basta interromper a atividade imediatamente. Por exemplo, se você está brincando com seu cão e ele pula e morde, interrompa imediatamente a brincadeira. Depois, como vimos, sempre que o seu cão brincar com você de maneira amigável, ofereça uma recompensa (um petisco, um carinho, um brinquedo, etc.) para mostrar que essa é a forma "correta" de se comportar e incentivá-lo a continuar aprendendo.

Gritos e violência física não farão com que seu cão pare de pular e morder. Na verdade, podem gerar o efeito contrário, pois o cão pode ficar estressado, frustrado e se sentir ameaçado.

Estimule-o física e mentalmente

Por último, mas não menos importante, lembre-se de que otimizar a estimulação física e mental do seu cão é essencial para prevenir todo tipo de problema comportamental. Além de uma boa rotina de passeios diários, é altamente recomendável que você avalie os benefícios de iniciar seu cão em um esporte canino, como o Agility, e que invista em um bom enriquecimento ambiental.

No mais, lembre-se de que o adestramento é um dos estímulos mais completos que você pode oferecer ao corpo e à mente do seu peludo. Então, anime-se a adestrar seu cão e, se precisar de ajuda, procure um educador canino com boas referências.

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