Problemas de comportamento

Como repreender um gato?

 
Eduarda Piamore
Por Eduarda Piamore, Técnica em psicologia, educação e adestramento canino e felino. 14 outubro 2024
Como repreender um gato?
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O momento oportuno para indicar ao seu gato uma conduta inadequada ou indesejada é logo após a execução da mesma. No entanto, tão importante quanto saber quando corrigir um gato é entender como fazê-lo da maneira correta. Nesse sentido, você deve ter claro que a correção só tem um propósito educativo quando se limita a sinalizar, por meio de palavras ou gestos, uma conduta ou ação que seja perigosa ou destrutiva, seja para você, para sua casa ou para o próprio felino.

Assim, corrigir um gato jamais deve envolver a privação de suas liberdades básicas, tampouco a exposição a qualquer tipo de violência ou humilhação. Para te ajudar, neste artigo do PeritoAnimal, explicamos como corrigir um gato quando ele se comporta mal, sem comprometer seu bem-estar ou o vínculo entre vocês. Continue lendo!

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Índice
  1. Quando punir um gato?
  2. Tipos de punição em gatos
  3. Como corrigir um gato quando ele se comporta mal?

Quando punir um gato?

Antes de saber como corrigir um gato quando ele morde ou se comporta mal, é necessário entender que essa ação corretiva só surtirá o efeito desejado quando realizada imediatamente após a prática da conduta inadequada. Assim, se você deseja mostrar ao seu gato que morder não é um comportamento aceitável durante uma sessão de brincadeiras, deve indicá-lo imediatamente após a mordida. Dessa forma, você garante que o seu gato possa associar sua reação ao comportamento que você está tentando corrigir (morder durante a brincadeira, neste caso).

Se você repreender seu gato por uma conduta que ocorreu vários minutos ou até horas antes, ele não conseguirá entender o motivo da repreensão. Como consequência, seu comportamento só gerará confusão, estresse ou até medo. E se essa situação se repetir diariamente, o mais provável é que seu gato acabe desenvolvendo medo de você, o que prejudicará o vínculo entre vocês e dificultará o processo educativo.

Quando NÃO corrigir um gato?

Nos próximos parágrafos, falaremos sobre como corrigir esses e outros comportamentos inadequados em nossos felinos. Mas, antes disso, é importante esclarecer que o uso de repreensão e qualquer tipo de correção não é eficaz nem aconselhável para inibir comportamentos instintivos dos gatos. Essas condutas são inerentes à natureza felina e desempenham um papel crucial na comunicação dos gatos, de modo que tentar eliminá-las seria uma violação de suas liberdades básicas.

Da mesma forma, comportamentos relacionados ao desejo sexual, como marcação, monta e fuga, podem ser atenuados por meio de uma castração precoce. Se você deseja saber mais sobre esse procedimento e o melhor momento para realizá-lo, consulte: "Benefícios de castrar um gato".

Como repreender um gato? - Quando punir um gato?

Tipos de punição em gatos

Em primeiro lugar, é importante esclarecer que o termo "castigo" tem um significado específico — e distinto da concepção popular — dentro do adestramento felino e canino. Geralmente, as pessoas tendem a associar o ato de castigar a expor um indivíduo a estímulos ou circunstâncias desagradáveis, ou até mesmo dolorosas. Se reduzíssemos o conceito de "castigo" a esse entendimento, é evidente que não haveria uma metodologia correta ou aceitável de como castigar um gato quando ele se comporta mal. Isso porque expor um animal, independentemente de sua espécie, a esse tipo de contexto negativo tem um efeito contraproducente na sua educação e na sua saúde física e mental.

No entanto, no universo do adestramento, existem diferentes tipos de castigos em gatos, que se subdividem em dois grandes grupos:

  • Castigo positivo: consiste em adicionar um estímulo desagradável ou aversivo ao ambiente do gato. Por exemplo, gritar com ele, bater nele ou trancá-lo depois que ele tenha feito algo que se considera "errado". Portanto, esse tipo de castigo em gatos é o que mais se assemelha à concepção comum de castigar.
  • Castigo negativo: sua aplicação pressupõe eliminar do ambiente do gato um estímulo agradável ou prazeroso. Por exemplo, interromper imediatamente uma sessão de brincadeiras quando seu gato te morde, com o objetivo de mostrar-lhe que, ao morder, ele será privado de algo que lhe traz prazer (a brincadeira, nesse caso).

O uso do castigo positivo em gatos e cães está cada vez mais desaconselhado, pois implica expô-los a emoções negativas, como medo e estresse, que afetam muito negativamente sua saúde, comportamento e o vínculo com seus tutores. No entanto, o uso adequado do castigo negativo pode ser necessário em certas situações. Por exemplo, se percebemos que um gato está prestes a ingerir algum alimento ou planta tóxica para ele, ou se está mastigando um cabo que conduz eletricidade, é evidente que devemos agir rapidamente para privá-lo desse estímulo e, assim, prevenir danos à sua integridade. Logicamente, a chave está em saber como fazer isso da maneira correta, sem ferir o gato ou gerar uma reação negativa que possa ser tão perigosa quanto a ação que desejamos evitar.

Como corrigir um gato quando ele se comporta mal?

A chave para educar corretamente um gato está em entender que apontar uma conduta inadequada é apenas o primeiro passo, mas não é suficiente para evitar que a mesma se repita. Para isso, é necessário apresentar ao gato a alternativa correta, ou seja, ensinar-lhe qual é a maneira mais adequada e segura de satisfazer suas necessidades ou desejos. Para alcançar esse objetivo e saber como corrigir um gato quando ele se comporta mal, é importante seguir os seguintes passos:

  1. Apontar a conduta inadequada. Para isso, não é necessário recorrer ao castigo positivo, seja por meio de gritos ou do uso de qualquer tipo de violência ou ameaça. Basta dizer um firme "NÃO!" imediatamente após a execução da conduta inadequada para indicar que essa atitude não é aceitável. Em alguns casos, pode-se empregar o castigo negativo, privando o seu felino de um estímulo agradável, para que ele entenda que a execução dessa conduta não resulta em nenhuma recompensa. Por exemplo, se o seu gato te morde brincando, além de dizer firmemente "Não!", deve-se interromper imediatamente a brincadeira, o que, como vimos, implica privá-lo de um estímulo prazeroso.
  2. Apresentar a alternativa correta. Por mais inteligentes que sejam, os gatos não conseguem aprender sozinhos o que significa, para os humanos, comportar-se bem ou mal. É nossa responsabilidade, como tutores, ensinar aos nossos felinos quais comportamentos consideramos adequados e quais não. Assim, além de mostrar ao seu gato que ele não deve se comportar de determinada maneira, é necessário mostrar-lhe como você espera que ele se comporte. Continuando com o exemplo anterior, após comunicar ao seu gato que ele não deve te morder, será preciso oferecer-lhe recursos adequados para esse fim, como um brinquedo ou um mordedor.
  3. Reforçar os comportamentos adequados. Sempre que o seu gato realizar a conduta ou comando que você está tentando ensinar, ofereça-lhe uma recompensa para facilitar que ele associe essa ação à obtenção de algo prazeroso. O reforço positivo é muito mais eficaz do que qualquer tipo de castigo em gatos, justamente porque se concentra em favorecer a assimilação de comportamentos desejáveis, mantendo os felinos motivados a progredir no aprendizado. No entanto, é importante variar o tipo de prêmios que você oferece ao seu gato (não usando sempre comida como motivação), além de reduzir progressivamente sua oferta, à medida que o felino for incorporando a conduta à sua rotina.
  4. Evitar incentivar comportamentos indesejados. Quanto mais cedo você começar a educar seu gato, mais rápida e simples será a assimilação de qualquer comportamento, comando ou tarefa que deseja ensinar. Por isso, o ideal é que a educação do gato comece logo após sua chegada ao lar, preferencialmente desde a tenra idade. Além disso, é fundamental não incentivar nos filhotes de gato comportamentos que não desejamos ver refletidos no comportamento de um gato adulto. Para te ajudar nesse processo, preparamos o seguinte guia: "Como educar um gato desde filhote?"

Por último, mas não menos importante, tenha em mente que, muitas vezes, a manifestação de comportamentos destrutivos em gatos é impulsionada pela necessidade de liberar um excesso de energia. Isso ocorre com particular frequência quando o felino vive em um ambiente empobrecido, onde não encontra os recursos mais apropriados e seguros para gastar energia e se entreter. Por isso, enriquecer o ambiente do seu gato é extremamente importante para a manutenção de um comportamento equilibrado e uma boa qualidade de sono. E se você não sabe bem por onde começar, confira nossos conselhos em: "Enriquecimento ambiental para gatos”.

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