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Crânio de gato e suas partes

 
Laura García Ortiz
Por Laura García Ortiz, Veterinária especializada em medicina felina. 19 agosto 2024
Crânio de gato e suas partes
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O crânio de um gato serve como proteção para o encéfalo e para os órgãos dos sentidos. Além disso, abriga os dentes da arcada superior e está unido à mandíbula, o que é indispensável para uma correta mastigação. Em relação aos nossos pequenos felinos, tem-se menos informações sobre o crânio do que sobre o do cão, que é o modelo mais estudado, o primeiro ensinado aos estudantes de veterinária e o tema de mais publicações.

Embora estruturalmente falando um crânio de gato e um de cão sejam muito semelhantes, é certo que existem algumas pequenas modificações em algumas de suas estruturas.

Além disso, entre gatos, os crânios também podem ser distintos morfologicamente, pois um gato siamês apresenta um crânio dolicocefálico, enquanto as raças achatadas como os persas apresentam um crânio braquicefálico. Se continuar lendo nosso artigo do PeritoAnimal, poderá conhecer os ossos do crânio de um gato.

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Índice
  1. Osso frontal
  2. Osso etmóide
  3. Osso vômer
  4. Osso lagrimal
  5. Osso nasal
  6. Osso incisivo
  7. Osso maxilar
  8. Osso zigomático
  9. Osso pterigoideo
  10. Osso temporal
  11. Osso occipital
  12. Osso parietal
  13. Osso interparietal
  14. Osso esfenoide
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Osso frontal

O osso frontal de nossos gatos, na realidade, são dois ossos unidos pela sutura interfrontal, formando o seio frontal. Este osso pode ser separado em três partes:

  • Uma porção orbitária que forma a parede medial da órbita ocular.
  • Uma porção nasal.
  • Uma porção escamosa onde encontramos o arco superciliar, que é a borda do osso frontal que constitui a órbita e que, na margem posterior, cria o processo zigomático do osso frontal.

Este último contribui para a formação da linha temporal, a qual vai perdendo consistência com o tempo. Em vez de continuar com a crista sagital, como ocorre no crânio canino, une-se ao processo frontal do osso zigomático através do ligamento orbitário, que nos gatos mais velhos começa a ossificar-se.

Se quiser saber mais sobre as partes do corpo do gato, não hesite em consultar o seguinte post sobre a "Anatomia do gato".

Osso etmóide

O osso etmóide delimita a cavidade nasal e o endocrânio dentro do crânio de um gato. Consiste em um complexo ósseo limitado dorsalmente pelo osso frontal, lateralmente pelo osso maxilar e ventralmente pelo osso vômer e pelo osso palatino.

Uma de suas partes é a lâmina crivosa do etmóide, que pode ser observada através do forame magno pela vista cranial. Esta lâmina crivosa encontra-se transversalmente e contém numerosos orifícios de pequeno tamanho que permitem a passagem dos nervos olfativos.

Por outro lado, encontramos a lâmina perpendicular do etmóide, que é fina e divide o osso em duas metades, e uma lâmina externa, que é constituída pela lâmina do teto, a lâmina basal e a lâmina orbitária.

Osso vômer

O osso vômer apresenta uma forma alongada e está situado no plano médio do chão da cavidade nasal. Este osso forma uma espécie de sulco em forma de "U" em direção dorsal através de sua lâmina basal e suas lâminas laterais.

Neste osso do crânio de um gato apoia-se o septo nasal ósseo, que se comunica ventralmente com o osso maxilar e se articula com a lâmina perpendicular do osso etmóide.

Sua lâmina nasal une-se à lâmina horizontal do osso palatino e, na parte caudal, dentro da cavidade nasal, forma a parte dorsal das coanas, que são os orifícios internos do nariz que acabam comunicando o trato respiratório com o digestivo.

Crânio de gato e suas partes - Osso vômer

Osso lagrimal

O osso lacrimal encontra-se na superfície medial da órbita. Este osso está localizado na parte lateral da face e da órbita, junto com o maxilar e o osso frontal do zigomático. O osso lacrimal estende-se até um pouco atrás da borda da órbita, constituindo uma pequena superfície triangular com um canal lacrimal e uma fossa do saco lacrimal. Este canal lacrimal mobiliza as lágrimas desde o saco lacrimal até a parte posterior do nariz.

Osso nasal

Na superfície rostrodorsal do crânio, encontramos o osso nasal, que limita, caudalmente, com o osso frontal, posteriormente com o osso maxilar, rostrolateralmente com o orifício nasal e lateralmente com o osso incisivo.

O osso nasal apresenta uma face externa ligeiramente convexa, assim como no cavalo e no porco, e outra interna. Este osso constitui a base óssea do dorso do nariz.

No gato, o osso nasal apresenta uma cavidade central muito pronunciada, sem a prolongação nasal dividida em duas partes que apresentam os bovinos ou a prolongação simples dos ovinos, caprinos ou equinos.

Osso incisivo

O osso incisivo está localizado de forma rostral na arcada superior dos dentes e é formado por um corpo e três processos. O corpo do osso incisivo apresenta uma face palatina e uma face labial, e os processos são:

  • O processo nasal: articulado com o osso nasal.
  • O processo alveolar: onde estão os alvéolos dentários articulados com os dentes incisivos.
  • O processo palatino: articulado com o osso maxilar ventralmente e formando as fissuras palatinas.

Sobre os dentes dos gatos, pode ser interessante saber Com que idade os gatos perdem os dentes de leite. Descubra mais neste post!

Osso maxilar

O osso maxilar constitui a parte lateral da face dos nossos pequenos felinos. No gato, a maior parte deste osso é curta e ventralmente apresenta forma de "V". Este osso, caudalmente, limita com o osso palatino através de uma sutura transversa e, rostralmente, com o osso incisivo.

Os ossos maxilares de cada lado do crânio do gato unem-se pela sutura palatina média. Dentro do osso maxilar, encontramos o seio maxilar, que é um seio paranasal.

Este osso apresenta um forame por onde emerge o nervo infraorbitário, o forame infraorbitário, que se localiza sobre o alvéolo do último pré-molar, junto à veia e à artéria intraorbitárias. Além disso, o osso possui processos alveolares para alojar os dentes da arcada superior do pequeno felino: seus dois molares, seis pré-molares, dois caninos e seis incisivos. A seguir, vamos contar quantos dentes tem um gato.

Osso zigomático

O osso zigomático está situado ventralmente ao osso lacrimal e consiste em uma estrutura longa e curva, com uma borda dorsal convexa. Na parte rostral, ele fica livre e contribui para a borda da órbita.

O arco zigomático é formado pelo processo temporal do zigomático e pelo processo zigomático do temporal. Ao contrário do crânio do cão, onde essa característica não é tão evidente, no crânio do gato a órbita está direcionada para a parte cranial e é maior.

Crânio de gato e suas partes - Osso zigomático

Osso pterigoideo

O osso pterigoideo constitui parte do limite lateral das coanas e articula-se com o processo pterigoideo do osso basiesfenóide. Este osso possui uma forma curta e larga e, em seu extremo ventral, encontramos um processo curvo e afiado chamado hamulus ou gancho pterigoideo. Este gancho tem uma forma bastante aguda na ponta e uma inclinação dorso-caudal.

Osso temporal

O osso temporal está localizado na parte caudo-lateral do crânio do gato e contém três porções:

Porção petrosa

Está situada na parte interna da cavidade craniana, entre a porção timpânica e a escamosa do osso temporal. Esta porção petrosa articula-se com o osso occipital na parte caudal e contém uma crista petrosa que se projeta para a vista dorsal, separando assim as fossas média e caudal da base da cavidade do crânio do gato.

Dentro da porção petrosa do osso temporal encontram-se o ouvido interno, a cóclea, os canais semicirculares e o vestíbulo, que se comunicam com a cavidade craniana por meio do meato e poros acústicos internos. Por estes últimos entram o nervo vestibulococlear (par craniano VIII) e o nervo facial (par craniano VII).

A porção petrosa se estende caudalmente pela superfície do crânio, formando o processo mastoideo, que está localizado caudalmente ao meato acústico externo, que é fechado por uma membrana que separa o ouvido médio do ouvido externo. Finalmente, entre o processo mastoideo e a bula timpânica encontra-se o forame estilomastoideo, por onde passa o par craniano VII, ou nervo facial.

Porção timpânica

Esta porção está na cavidade externa da abóbada craniana do gato e é representada por uma dilatação ou extensão bulbosa ventral na bula timpânica, onde se aloja o ouvido médio. A porção timpânica é lisa e arredondada e está articulada caudalmente com o osso occipital, formando a fissura tímpano occipital, que é o local por onde emergem:

  • O nervo espinhal acessório (par craniano XI)
  • O nervo vago (par craniano X)
  • O nervo glossofaríngeo (par craniano IX)

Porção escamosa

Esta porção do crânio do gato está em contato com os ossos parietal, frontal e esfenoide. Contém uma eminência óssea denominada processo zigomático do temporal, que se curva lateral e rostralmente, ajudando a formar o arco zigomático junto com o processo temporal do osso zigomático.

Osso occipital

O osso occipital está localizado na região ventrocaudal do crânio do gato. É constituído por três núcleos de ossificação chamados:

  • Supraoccipital
  • Exooccipital
  • Basioccipital

Esses núcleos se fundem gradualmente durante a etapa fetal dos gatos, formando o osso occipital felino, que se diferencia em uma porção basilar, uma porção escamosa e uma porção lateral.

No centro do osso occipital, encontra-se o forame magno, que é a comunicação entre a cavidade craniana e o canal vertebral. Neste ponto, é possível distinguir uma incisura intercondilar dorsal pouco pronunciada e uma incisura intercondilar ventral.

Nas laterais do forame magno, estão localizadas as porções laterais com os côndilos occipitais, que são um par de estruturas articuladas com a primeira vértebra cervical, conhecida como atlas, formando a articulação atlantooccipital. Rostroventralmente a esses côndilos occipitais, encontram-se a bula timpânica e os processos jugulares, que são pequenas estruturas de forma ovoide.

Rostralmente aos processos jugulares, estão os forames jugulares, por onde passam o nervo glossofaríngeo (par craniano IX), o nervo vago (par craniano X) e o nervo espinhal acessório (par craniano XI). Além disso, nesses processos originam-se o músculo yugulo hióideo e o músculo digástrico, sendo este último um dos cinco músculos mastigadores e responsável por abrir a boca dos gatos.

Por fim, na parte dorsomedial dos processos jugulares e na parte dorsal dos processos condilares, encontramos as fossas condilares ventral e dorsal, além do canal para o nervo hipoglosso (par craniano XII), pelo qual atravessa esse nervo.

Osso parietal

O osso parietal é um osso par e um dos quatro ossos do crânio do gato responsáveis pela proteção do cérebro, do tronco encefálico e do cerebelo. Está localizado rostralmente ao osso occipital, ventralmente à porção escamosa do osso temporal e caudalmente ao osso frontal. Este osso apresenta três suturas, que são franjas de tecido fibroso que conectam dois ossos no crânio:

  • A sutura coronal: que une o osso parietal com o osso frontal.
  • A sutura escamosa: que une o osso parietal com o osso temporal.
  • A sutura lambdoide: que une o osso parietal ao osso interparietal.
  • A sutura sagital: que une os dois ossos parietais.

A face interna do osso parietal e o osso occipital formam o tenório cerebelar ósseo, no qual existem sulcos para algumas artérias e apresenta impressões das circunvoluções do cérebro. Além disso, o osso parietal contribui para a formação da fossa temporal, uma fossa rugosa que é o local de origem do músculo temporal.

Na visão dorsal deste osso, encontra-se uma prolongação óssea que vai do osso interparietal até o occipital, chamada crista sagital externa, que é menos pronunciada do que na espécie canina.

Osso interparietal

O osso interparietal é um dos ossos ímpares do crânio do gato, que se funde, durante o período fetal, com o osso occipital. Com o passar do tempo, este osso é visível como uma protuberância estendida em direção à parte rostral do crânio felino, localizada entre o osso occipital e os ossos parietais, e tem a função de participar na formação da crista sagital externa.

Osso esfenoide

O osso esfenoide constitui o chão da cavidade craniana do gato, situado ao lado da porção basilar do osso occipital na parte caudal e do osso etmoide na parte rostral. O esfenoide é na verdade formado por dois segmentos ósseos no gato e em outros animais domésticos, denominados preesfenoide e basiesfenoide.

Osso basiesfenoide

O osso basiesfenoide está localizado caudalmente ao osso preesfenoide e rostralmente à porção basilar do osso occipital. É formado por:

  • Um corpo
  • Dois processos pterigoides
  • Duas asas

Este osso articula-se com o osso palatino através dos processos pterigoides e com os ossos pterigoides medialmente. A fossa craniana média é formada pelas asas e pelo corpo, e rostralmente, na face interna do corpo do basiesfenoide, pode-se observar a sela turca.

A ambos os lados dessa estrutura encontram-se os sulcos carótidos, e no centro dela está a fossa hipofisária, que é uma cavidade oval onde se aloja a glândula hipófise. Os processos pterigoides são pequenas protuberâncias localizadas ventrocaudalmente que delimitam e articulam a coana com os ossos palatino e pterigoide de cada lado.

As asas deste osso se curvam lateralmente e rostralmente, entrando em contato com:

  • O osso temporal
  • A órbita
  • O cérebro
  • O osso parietal

Na borda rostral dorsal das asas, articula-se com as asas do osso preesfenoide (o outro segmento do osso esfenoide), formando assim a fissura orbitária, que está rostral ao forame alar na visão externa e rostral ao forame redondo na visão interna da cavidade craniana. O canal pterigoide penetra o osso basiesfenoide abaixo da abertura externa da fissura orbitária.

Osso preesfenoide

Assim como o osso basiesfenoide, o osso preesfenoide do crânio do gato é composto por:

  • Um corpo: articula-se caudalmente com o basiesfenoide, rostroventralmente com o vômer, rostrolateralmente com o osso palatino e rostrodorsalmente com o etmoide.
  • Duas asas: articulam-se com o osso frontal e com as asas do basiesfenoide.

As asas e o corpo do osso preesfenoide formam uma fossa chamada fossa craniana rostral, e o corpo do preesfenoide apresenta cavidades cheias de ar. Rostralmente a ele, encontra-se o pico ou prolongamento do esfenoide que se dirige até o osso etmoide.

Na face externa do osso, as asas contribuem para a formação dos forames ópticos para a passagem dos nervos ópticos e também se dirigem dorsalmente, formando parte da parede medial da fossa temporal e das cavidades orbitárias.

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