Curiosidades das lontras

O uso de ferramentas tem sido geralmente associado a uma atividade exclusiva dos humanos, e é verdade que esse aspecto é único em nossa espécie. No entanto, no mundo animal, também encontramos certas espécies que são capazes de utilizar materiais como pedras ou caules para se alimentar. Um exemplo disso é a lontra-marinha (Enhydra lutris), que utiliza uma pedra para abrir presas com exoesqueleto ou conchas duras, permitindo-se alimentarem. Essas lontras seguram a pedra sobre o peito e empurram a presa contra ela até quebrá-la. Outras fazem o contrário: mantêm a presa sobre o peito e a golpeiam com a pedra.

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As lontras, em geral, não são mamíferos pequenos; no entanto, há variações de tamanho significativas entre as diferentes espécies. Entre as menores, encontramos a lontra oriental de garras pequenas (Amblonyx cinereus), que possui uma massa entre 2,7 e 5,4 kg, com dimensões que variam de 40 a 65 cm.

Por outro lado, a lontra neotropical (Lontra longicaudis) mede entre 36 e 66 cm de comprimento, embora seu peso varie mais, entre 5 e 15 kg. A espécie de maior peso e tamanho é a lontra gigante (Pteronura brasiliensis), que pode medir de 1 a quase 2 metros de comprimento, com um peso que varia entre 22 e 32 kg. É a que mostramos na imagem.

Cada animal desempenha um papel importante nos ecossistemas onde vive; no entanto, alguns são fundamentais por controlarem as populações de outras espécies. Esse é o caso das lontras, que desempenham um papel crucial na regulação dos ecossistemas aquáticos, sendo predadores de topo. Por exemplo, a lontra-marinha (Enhydra lutris) contribui para a saúde dos bosques de algas ao se alimentar de ouriços-do-mar, que, de outra forma, os devastariam.

As lontras são animais carnívoros e se alimentam de uma grande variedade de presas. Embora possam ter preferência por peixes, também incluem em sua dieta amêijoas, caracóis, caranguejos, ouriços, rãs, aves, entre outros. Várias espécies comem até quatro vezes por dia, como é o caso da lontra-marinha, que ingere cerca de 20% do seu peso em alimento diariamente devido às suas altas necessidades metabólicas.

Em geral, as lontras são animais altamente sociáveis e costumam viver em grupos, sendo essa outra de suas curiosidades. A estrutura social varia conforme a espécie, mas, de modo geral, elas exibem comportamentos cooperativos.

Por exemplo, embora as fêmeas geralmente se alimentem longe dos machos para evitar que roubem seu alimento, em algumas espécies, os grupos familiares podem ser formados por até 20 indivíduos, que cooperam na alimentação, no cuidado das crias e na defesa do território. As fêmeas são muito dedicadas às suas crias, mas, em certas espécies, os machos também participam da criação e dos cuidados.

Embora as lontras não sejam completamente animais aquáticos, algumas espécies passam a maior parte do tempo na água. Para isso, desenvolveram adaptações físicas que lhes permitem estar em corpos d'água sem problemas. Talvez a característica mais distinta seja sua pelagem, que oferece excelente proteção graças à sua densidade; de fato, são um dos mamíferos com a maior quantidade de pelos por polegada quadrada. Outras adaptações notáveis para a vida aquática incluem seu corpo aerodinâmico, patas palmadas e habilidades excepcionais como nadadoras. Além disso, quando estão submersas, conseguem fechar as narinas e as orelhas.

Outra curiosidade sobre as lontras é sua complexa comunicação. As lontras possuem um repertório variado de vocalizações; foram identificados até 9 tipos em algumas espécies, que utilizam para se comunicar entre si. Os sons incluem rosnados, guinchos, assobios e trinados. Embora ainda faltem estudos para entender com precisão o significado de cada vocalização, estima-se que alguns desses sons sirvam para indicar a presença de perigo e para manter as crias por perto. Além disso, a comunicação se estende à linguagem corporal: as lontras se tocam, se esfregam e se acicalam mutuamente, fortalecendo os laços dentro do grupo.

O comportamento lúdico é uma das características mais destacadas das lontras. Por exemplo, elas podem deslizar-se por encostas até chegar à água, brincar dentro da água e arremessar pequenos objetos, como pedras ou conchas. Essas atividades não apenas indicam sua possível inteligência, mas também ajudam os juvenis a desenvolver habilidades necessárias para a caça e para escapar de predadores.

Há registros de que, na antiguidade, algumas espécies de lontras, como a lontra-euroasiática (Lutra lutra) e a lontra-de-pelagem-lisa (Lutrogale perspicillata), eram treinadas na Europa, África e Ásia para buscar peixes e trazê-los diretamente para as pessoas ou para ajudar a conduzir grupos de peixes para redes submersas, que depois eram recolhidas pelos pescadores. Essa prática já quase não é utilizada; ao que parece, só se mantém em algumas regiões asiáticas. É importante destacar que o treinamento de animais selvagens é uma prática antiética, pois vai contra a natureza do animal. Você sabia dessa informação sobre as lontras?

Em muitas sociedades ao longo da história, as lontras ocuparam um lugar na cultura e na mitologia. Por exemplo, em alguns grupos indígenas, elas são consideradas um símbolo de curiosidade e alegria. Também lhes são atribuídas qualidades como inteligência e um caráter brincalhão, o que as faz aparecer em lendas. Em alguns contos, é narrado que elas eram capazes de se transformar em humanos para enganar as pessoas, algo que faziam como uma forma de brincadeira.

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