Peixe-caracol: tipos e características


O peixe-caracol pertence ao grupo de peixes com nadadeiras (Actinopterygii) e à família Liparidae, conhecidos em geral como peixes-caraco. Dentro desta família, foram reconhecidos 29 gêneros e mais de 300 espécies, embora haja pouca informação sobre muitas delas. Os peixes-caracol se distinguem por sua forma semelhante a um girino e pela pele gelatinosa.
Uma das espécies emblemáticas é o Pseudoliparis swirei, que foi identificado relativamente recentemente, em 2014, encontrado na famosa fossa das Marianas, no oceano Pacífico ocidental. Convidamos você a continuar lendo este artigo do PeritoAnimal, no qual apresentamos informações interessantes sobre o peixe-caracol: tipos e características.
Características do peixe-caracol
O peixe-caracol é uma espécie que desenvolveu adaptações surpreendentes para sobreviver em um ambiente de alta pressão, baixa temperatura e escassez de alimentos. Sua aparência, fisiologia e genética apresentam particularidades que o diferenciam de outros peixes de águas profundas.
A seguir, você pode conhecer as principais características do peixe-caracol, também conhecido como um dos peixes das profundezas marinhas:
- Genética: os peixes-caracol que, por exemplo, habitam as ilhas Yap e Marianas, possuem um alto número de cópias de um gene responsável por produzir um composto que estabiliza as proteínas e lhes permite suportar a intensa pressão do fundo do mar;
- Sentidos modificados: devido à escuridão permanente de seu habitat, eles perderam grande parte da capacidade de detectar odores e desenvolveram mais receptores gustativos. Isso os ajuda a localizar alimentos em um ambiente onde a disponibilidade de comida é limitada;
- Perda de visão e pigmentação: algumas espécies de peixes-caracol, como as das Marianas, reduziram sua capacidade visual ao perder vários genes relacionados à detecção de luz e ao reconhecimento de cores. Além disso, a ausência de um gene que regula a produção de pigmentação os torna completamente incolores, o que provavelmente os ajuda a passar despercebidos na penumbra do oceano profundo;
- Adaptação à pressão: esses peixes desenvolveram uma mutação genética que impede a calcificação da cartilagem, o que se reflete na estrutura de seus crânios;
- Morfologia peculiar: têm corpos alongados e finos, com cabeças relativamente grandes e olhos pequenos. Suas nadadeiras dorsal e anal são amplas e podem estar fundidas com a caudal. Têm uma forma semelhante à de um girino;
- Pele gelatinosa e sem escamas: a camada de pele é fina, solta e gelatinosa, com alto teor de água.
- Estrutura bucal: seus dentes são pequenos e de forma arredondada, projetados para triturar alimentos macios encontrados no fundo do mar;
- Sensores especializados: as espécies de águas profundas possuem poros sensoriais bem desenvolvidos na cabeça, com os quais detectam movimentos e vibrações na água;
- Locomoção: suas nadadeiras peitorais são grandes e constituem seu principal meio de locomoção, embora possam ser frágeis. Em algumas espécies, essas nadadeiras apresentam um sistema somatossensorial que lhes permite detectar estímulos do ambiente;
- Tamanho variável: existem espécies pequenas, como o Paraliparis australis (com cerca de 5 cm de comprimento), e espécies intermediárias, como o Pseudoliparis swirei, que mede cerca de 28 cm, além de outras maiores, como o Polypera simushirae, que pode atingir 77 cm de comprimento e até 21 kg de peso.
Apesar de sua ampla distribuição e diversidade, os peixes-caracol não têm importância comercial, e faltam estudos para conhecê-los melhor, já que, em muitos casos, o acesso ao seu habitat extremo é difícil.
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Tipos de peces caracol
A taxonomia dos peixes-caracol é a seguinte:
- Classe: Teleostei
- Ordem: Scorpaeniformes
- Família: Liparidae
Atualmente, foram identificados 29 gêneros diferentes. Vamos mencionar alguns dados gerais sobre alguns dos gêneros do peixe-caracol:
- Acantholiparis: habitam o norte do oceano Pacífico. Aqui encontramos o peixe-caracol cego e o peixe-caracol espinhoso.
- Allocareproctus: típicos do norte do oceano Pacífico, como nas costas do Japão. Alguns exemplos são o peixe-caracol cereja e o peixe-caracol bigodudo.
- Careproctus: distribuídos pelos oceanos Atlântico, Pacífico, Ártico e Antártico. Há várias espécies, como o peixe-caracol negro e o peixe-caracol manchado.
- Notoliparis: encontrados nos oceanos Atlântico e Pacífico do sul, bem como no Antártico. Dois exemplos são o peixe-caracol de Anton Bruun e o peixe-caracol de Kermadec.
- Pseudoliparis: vivem em águas muito profundas do oceano Pacífico. Duas das espécies conhecidas são o peixe-caracol das Marianas e o peixe-caracol hadal.
Os outros gêneros do peixe-caracol são:
- Crystallias
- Crystallichthys
- Edentoliparis
- Eknomoliparis
- Elassodiscus
- Eutelichthys
- Genioliparis
- Gyrinichthys
- Liparis
- Lipariscus
- Lopholiparis
- Nectoliparis
- Odontoliparis
- Osteodiscus
- Palmoliparis
- Paraliparis
- Polypera
- Praematoliparis
- Prognatholiparis
- Psednos
- Pseudonotoliparis
- Rhinoliparis
- Rhodichthys
- Squaloliparis

Em qual a profundidade o peixe-caracol é encontrado?
A maioria dos peixes-caracol habita em profundidades menores que 4.000 metros. No entanto, algumas espécies foram registradas em zonas mais profundas do oceano, superando qualquer outra espécie, o que justifica o nome de peixes das profundezas marinhas, chegando a até 8.000 metros.
A primeira espécie encontrada em águas muito mais profundas, a cerca de 7.700 metros, foi o Pseudoliparis amblystomopsis, localizado na fossa do Japão. Mas, para surpresa dos cientistas, esse recorde foi superado várias vezes.
Em 2014, o Pseudoliparis swirei foi filmado na Fossa das Marianas a 8.145 metros, e em 2017, outro exemplar foi observado a 8.178 metros. Recentemente, mais indivíduos, embora de espécies não identificadas, foram avistados acima dos 8.300 metros, uma profundidade verdadeiramente impressionante para um animal.
Os peixes-caracol que dominam a zona hadal, o ambiente extremo que se estende além dos 6.000 metros de profundidade, desenvolveram múltiplas adaptações para suportar a pressão esmagadora dessas profundidades, incluindo:
- Cartilagem altamente resistente;
- Proteínas que permanecem estáveis sob pressão;
- Membranas celulares com maior fluidez;
- Aumento na atividade de proteínas de transporte;
- Perda completa da visão e da pigmentação.
Apesar dessas adaptações, as condições bioquímicas do oceano estabelecem um limite para a vida vertebrada. Estima-se que entre 8.000 e 8.500 metros de profundidade esteja o limite máximo em que qualquer peixe pode sobreviver, devido às restrições impostas pela pressão extrema.
Curiosamente, embora os peixes-caracol hadais passem a maior parte de suas vidas nessas profundidades extremas, suas larvas podem se deslocar para águas menos profundas, abaixo de 1.000 metros, o que lhes permite aproveitar diferentes condições oceânicas em suas primeiras etapas de vida.
Habitar do peixe-caracol
O habitat do peixe-caracol é muito variado, pois eles estão distribuídos pelos oceanos de todo o mundo. Nesse sentido, desenvolvem-se desde zonas intermareais, que estão a poucas profundidades, até mais de 8.000 metros, como mencionamos na zona hadal. Dessa forma, este seria o animal com a maior amplitude de profundidade entre todos os peixes existentes.
No entanto, o habitat do peixe-caracol tem um fator determinante: a temperatura. Eles vivem apenas em águas frias, por isso as espécies que estão em zonas tropicais ou subtropicais são encontradas estritamente em grandes profundidades. Esses peixes são bastante resistentes a águas geladas, já que, de fato, algumas espécies possuem proteínas anticongelantes.
Do que o peixe-caracol se alimenta?
O peixe-caracol, quando está em estado larval, tem uma dieta variada que inclui plâncton, copépodes de diferentes tamanhos e anfípodes como principais fontes de alimento, mas a dieta pode ser ainda mais variável.
Por outro lado, na fase adulta, o peixe-caracol continua tendo uma dieta variada, composta por:
- Gamarídeos;
- Krill;
- Decápodes natantianos;
- Outros crustáceos;
- Outros peixes.
Um aspecto importante é que, conforme o tamanho do peixe-caracol, a presa consumida varia. Assim, as espécies menores se alimentam principalmente de gamarídeos, enquanto as maiores geralmente consomem decápodes e outros peixes.
Reprodução do peixe-caracol
A reprodução do peixe-caracol varia de uma espécie para outra, e os modos reprodutivos são principalmente conhecidos nas espécies que habitam águas menos profundas. Sabe-se que essas espécies desovam em temporadas específicas e com longos intervalos entre cada ciclo.
Um aspecto comum é que os peixes-caracol costumam botar ovos relativamente grandes, que podem atingir até 9,4 mm de diâmetro. A quantidade de ovos produzidos por cada espécie depende de suas características biológicas.
Algumas espécies optam por depositar seus ovos em diversos substratos marinhos, como corais de águas frias, algas ou rochas. Em certos casos, os machos são responsáveis por proteger a massa de ovos até a eclosão.
O desenvolvimento dos ovos após a eclosão varia entre as espécies: algumas atingem a maturidade rapidamente e têm uma expectativa de vida de aproximadamente um ano, enquanto outras podem viver mais de dez anos.
Como esses peixes habitam um ambiente com pouca visibilidade, encontrar um parceiro representa um grande desafio. Para superar essa dificuldade, os peixes-caracol parecem usar sinais hidrodinâmicos, detectados por meio de sua linha lateral mecano-sensorial, um sistema especializado em perceber vibrações e movimentos na água.
Estado de conservação do peixe-caracol
Não há uma avaliação muito extensa sobre as diversas espécies de peixe-caracol. A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), responsável por determinar o estado de conservação das espécies, relata uma avaliação de apenas 35 espécies, das quais apenas 4 são classificadas como Menor Preocupação, e as demais estão na categoria de Dados Insuficientes.
O peixe-caracol não tem interesse comercial, e apenas duas espécies são relatadas como afetadas por ações de poluição, mas de maneira local. As quatro espécies classificadas como Menor Preocupação são:
- Peixe-caracol-do-Atlântico (Liparis liparis);
- Liparis punctulatus;
- Careproctus albescens;
- Liparis montagui.

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