Quantos estômagos a vaca tem?

Os animais ruminantes são exclusivamente herbívoros que se alimentam de caules, capim e materiais herbáceos, possuindo um complexo sistema de digestão para transformar os alimentos em compostos mais simples e poder aproveitar os componentes químicos deles, sendo assim capazes de se nutrir. As plantas com as quais se alimentam os ruminantes são compostas por um alto conteúdo de celulose, que só pode ser aproveitada graças à anatomia que o sistema digestivo desses animais apresenta, que também possui micro-organismos especializados que contribuem no processo.

Rumiar consiste propriamente em voltar a mastigar o alimento que já foi engolido. Nesse sentido, esses animais misturam com saliva e mastigam levemente o alimento, que é então passado para o esôfago para ser levado ao estômago. Porém, nesse processo, as partículas maiores são regurgitadas para a boca para serem mastigadas novamente e, posteriormente, voltarem a ser ingeridas.

As vacas podem consumir, em média, cerca de 70 kg de capim por dia, em um período de 8 horas, o que representa uma grande quantidade de massa que, somada à dificuldade de processar e absorver esse tipo de alimento, faz com que esses animais necessitem de um sistema anatômico e fisiológico peculiar para realizar o processo de digestão.

O sistema digestivo da vaca é constituído por:

• Boca: na qual se encontram a língua e os dentes. A língua é formada por diferentes papilas que lhe conferem sua textura áspera e é longa, pois tem a função de apreensão, de modo que a enrola no pasto, a introduz na boca e, com o uso dos dentes incisivos inferiores, faz o corte, triturando levemente. Esse procedimento se repete várias vezes até formar uma massa de aproximadamente 100 g, misturada com a saliva, formando um bolo que é ingerido. A saliva das vacas é produzida em abundância por diversas glândulas, segregando diferentes substâncias para facilitar a umedecimento do pasto e sua mastigação, mas também para controlar o pH do bolo durante o processo digestivo;
• Esôfago: o bolo, que já é uma mistura levemente mastigada e misturada com saliva, passa pela faringe até chegar ao esôfago, de onde é transportado para o estômago;
• Estômago: é uma estrutura em forma de saco que começa no extremo do esôfago e termina no duodeno. Ele é composto por várias partes e, particularmente, nele habitam diferentes micro-organismos especializados que são indispensáveis para o processo digestivo das vacas.

E se também já se perguntou como as vacas fazem para dormir, você pode consultar este outro artigo do PeritoAnimal sobre "Como as vacas dormem?".

Popularizou-se o ditado de que as vacas têm 4 estômagos, mas isso não é totalmente correto. As vacas têm um único estômago, dividido em quatro estruturas: rúmen, retículo, omaso e abomaso, em cada uma das quais se desenvolve uma fase do processo digestivo. Graças a esse sistema digestivo, elas são fisiológica e anatomicamente capazes de processar, digerir e absorver os nutrientes de forma otimizada, garantindo que esses animais sejam alimentados de maneira adequada.

No entanto, não é só o estômago da vaca que está dividido em várias partes, mas isso é algo comum no estômago dos ruminantes. De fato, os ruminantes também são conhecidos como animais poligástricos, devido à divisão de seu estômago. Nesse sentido, esses animais possuem uma estrutura digestiva complexa que se divide em várias partes e, no caso das vacas, especificamente em quatro. Mas, quais são essas 4 partes do estômago das vacas? Vamos vê-las a seguir.

O estômago desses animais é formado por quatro compartimentos ou câmaras, o que confere complexidade a esse sistema orgânico, razão pela qual normalmente se diz que as vacas têm quatro estômagos.

As partes do estômago de uma vaca são:

• Rúmen: aqui se encontra a população de micro-organismos que inicia a fermentação do bolo alimentar para transformá-lo. Este é o maior compartimento de todos, podendo ter uma capacidade de até 200 litros. Certos produtos da fermentação já são absorvidos pelas paredes do rúmen e passam para a corrente sanguínea. Outros compostos que não se fermentam são transformados em proteínas aproveitadas pelo animal. O tempo que o alimento permanece nessa área pode variar: cerca de 12 horas para a fração mais líquida e entre 20 a 48 horas para a porção fibrosa;
• Retículo: esta câmara tem a função de conter o alimento, transportando o que foi digerido e está mais líquido até a coalheira ou abomaso da vaca, enquanto os restos de maior tamanho são levados ao rúmen para serem regurgitados dessa câmara novamente para a boca, iniciando assim o processo de ruminação;
• Omaso ou folhoso: esse compartimento é caracterizado por ser formado por diversas pregas, por isso também é conhecido como folhoso. O omaso da vaca tem como função absorver o excesso de água para que o alimento passe à próxima estrutura o mais concentrado possível e as enzimas que atuam na digestão não sejam diluídas;
• Abomaso ou coalheira: também chamado de coalheira da vaca, é o estômago propriamente dito do animal. A acidez dessa área é alta, portanto, aqui são digeridos todos os micro-organismos que estavam processando o alimento, interrompendo também a fermentação. Produz-se ácido clorídrico e pepsina, favorecendo o processamento das proteínas que chegaram à zona, ocorrendo uma digestão química dos alimentos.

Outras estruturas digestivas das vacas

Outras estruturas digestivas desses animais são:

• Intestino delgado: os produtos da digestão que acontecem nos quatro compartimentos estomacais da vaca são absorvidos no intestino delgado;
• Intestino grosso: no intestino grosso, os componentes ainda não digeridos serão processados por uma população menos prolífica de micro-organismos que realizarão uma nova fermentação;
• Ceco: a massa de alimentos que não foi digerida transita pelo ceco;
• Cólon: o cólon da vaca é o local onde ocorre a absorção de água e minerais, para posteriormente formar as fezes que serão eliminadas pelo canal do reto.

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